IV Congresso Nacional de Formação Profissional
Ontem participei no IV Congresso Nacional de Formação Profissional que aconteceu em Lisboa. Foi um evento muito participado onde se falou sobre o futuro das profissões, da formação e da educação. Eis alguns aspetos-chave:
- Uma criança que frequenta agora o primeiro ano estará a trabalhar até 2077 ou mais. Como será o mundo? Que profissões existirão? Quais deixarão de existir? Nos últimos anos, muitas profissões já se extinguiram e se criaram (curiosamente, de tempos a tempos, um amolador de facas teima em passar de bicicleta em frente a minha casa, a tocar o seu apito tradicional).
- Que competências serão necessárias para sermos cidadãos em pleno, em 2077? A resposta é simples: Não sabemos, nem daqui a 60 anos, nem daqui a 5 anos. Neste congresso falou-se da possibilidade de, no futuro, as “profissões” darem lugar a “mosaicos de competências” (ver vídeo).
- Face a esta incerteza, a aprendizagem ao longo da vida assume um papel vital, pois permite-nos aprender e desenvolver novas competências e manter assim a nossa “empregabilidade”.
Formar cidadãos para o Futuro
Parece que a única certeza em relação ao futuro é que será incerto. Como podem os professores formar cidadãos para um cenário desconhecido usando um modelo que já não serviu muitos da minha geração?
Por outro lado, as chamadas soft skills parecem ser as competências cuja utilidade mais se tem mantido nos últimos anos. De acordo com o Fórum Económico Mundial, as competências 1)Resolução de problemas complexos, 2)Pensamento crítico, 3)Criatividade, 4)Gestão de pessoas, 5)Coordenação com outros, 6)Inteligência emocional, 7)Tomada de decisões, 8)Orientação para servir, 9)Negociação e 10)Flexibilidade cognitiva serão em 2020 as soft skills mais úteis no mercado de trabalho.
Uma inquietação…
Apesar da energia trazida por este encontro, algo me foi deixando inquieta ao longo do dia. Acompanhem-me neste raciocínio, por favor:
– As soft skills devem começar a trabalhar-se desde o início da escolaridade.
– Quais os profissionais em melhor posição para o fazer? Os professores, certamente.
– Uma importante fonte que alimenta a aprendizagem ao longo da vida de muitos professores é a formação contínua (aquela que permite a atribuição de créditos para a progressão na carreira).
– Estarão os principais responsáveis pela formação contínua dos professores atentos às mudanças? Nenhum representante da formação profissional de professores se fez ouvir na conferência.
O papel da Escola e dos Professores na formação de cidadãos!
A escola faz parte da sociedade, do mercado de trabalho e tem de se posicionar como tal. Aliás, a escola tem um papel único na preparação dos alunos para o presente e para o futuro.
Existem exemplos inspiradores, como o da Escola Técnico-Profissional da Moita. Esta escola teve a coragem de arriscar um modelo pedagógico que procura responder aos desafios atuais e futuros, construído com base no perfil de competências que esperam dos seus alunos e envolvendo todos os professores. Parabéns a eles e a todas as escolas que ousam!!
Os professores só podem ensinar soft skills e formar cidadãos se, em primeiro lugar a organização escolar der espaço para tal e, em segundo, se os próprios professores as valorizarem.
Muita da formação que tenho dinamizado junto de professores e assistentes operacionais trabalha justamente algumas destas soft skills e as pessoas têm-nas sentido como uma importante mais-valia não apenas para a prática profissional, mas também enquanto desenvolvimento pessoal e fonte de satisfação.
Leonardo da Vinci disse: “aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. E, pelos vistos, ainda permite a nossa adaptação ao mundo em transformação.
Parabéns a todos aqueles que procuram atualizar-se!
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